domingo, 9 de janeiro de 2011

Palavras mudas (49)

Tenho o meu interior sem espaço. Queria tentar, com a ajuda de palavras escritas, esvaziar-me. São gritos, são tristezas. Sonhos muito fracos...no entanto sobra uma vontade, uma vontade recente, e não tardia, que chegou literalmente do céu...Recordo com a minha única parcela de alegria: que não veio tarde de mais. De resto...é tudo um eco amolecido. A vida custa a passar, como se cada dia, em vez de arduamente aproveitado, fosse um peso tremendo. Preciso de espaço urgentemente dentro de mim. Não sei para onde me virar, está tudo tão apertado. Desiludo, talvez menos do que já desiludi, desiludem-me, de forma constante. Em alguns casos tenho de fazer o que todos fazemos: seguir em frente e acreditar que tudo vai melhorar...No entanto, noutros casos de importância igual ou maior, o que me revolta (e sei que muitas vezes dou este mesmo sentimento ás outras pessoas, pela mesma razão), as pessoas decidem não me ouvir, mesmo me dando razão...e depois...Erro. Honestamente, preferia estar errado, assim escusava de suspirar, feito frustrado, consciente que a minha razão, mesmo estando certa, valeu de nada. Odeio quando as coisas valem de nada. O mundo nestas coisas é estúpido. Muito estúpido. Queria gritar muito, e chorar ainda mais, até que tudo o que aqui tenho dentro desaparecesse. Gritar posso, mas estou sempre com gente por perto...e chorar? Bem tento. E não consigo. E no entanto, lá estou eu, a conseguir ajudar outros a chorar. Vida minha, diz-me lá que não és irónica...Diz.

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