sábado, 29 de janeiro de 2011

There is no blood circulation on this dry heart (44)

Nunca gostei de mudanças impostas. Não tenho nada contra a mudança em si, se esta for para melhor...gosto pouco ou será me indiferente se for nula...e desgosto quando é para pior. Não tenho encontrado palavras para expressar a minha vontade, mas como esta também é nula, basicamente não tenho encontrado vontade nas palavras. Estou no cinzento. Um cinzento escuro mas que se poderia confundir com pó. Tenho o coração seco. Literalmente. Se ainda bate deve-se apenas por ainda ir estando vivo. Trezentos e sessenta graus aproximam-se e eu ainda nem sei o que fazer...Aqui é de noite. E parece que é noite durante o dia todo. Estou a ser contraditório? Já não era sem tempo. Deixo-me prolongar na noite como se esta fosse um prolongar de mim mesmo. Mas tudo isto soa a falso; a incorrecto, a algo que mesmo que seja não deveria ser. There is no love. Mentira, desejo de alívio...e basta saber que a outra pessoa está viva. Nunca pensei chegar a isto. Será isto normal? Para alguém é isto normal? Significa isto algo? Passados tantos anos, passados tantos desafios, emoções, escritos, conclusões frias e quentes e conclusões pendentes, vejo-me ao espelho: a engolir pedras, com uma expressão de criança que acabou de dar ao mundo sem pais; distante de algum projecto que não passa disso mesmo: um projecto - sem concretização. Esta é a altura da minha vida em que menos procuro e na qual menos faço de facto. É possível juntar o inútil ao desagradável? Se o contrário é possível...Que tédio. Que preguiça. Eu sei que tudo muda, e que esperamos sempre que tudo acabe por se dar bem, por ficar mais ou menos encaixado...Eu sei disso. Sempre soube. Mas o caminho escusava de ser tão triste; com uma melodia que quase nos obriga a chorar. Não vejo a hora de tudo isto estar diferente, de chegar aquela altura em que olhamos para trás e rimos do que passámos. Por dois dias queria acordar num sitio diferente, a uma hora diferente; e eu mesmo acordar uma pessoa diferente. Um mal nunca vem só...já o têm dito. A maioria das pessoas arrepende-se não daquilo que diz, mas daquilo que não diz. Eu sou ao contrário...arrependo-me daquilo que digo, e faço. Todos os dias. O peso drástico da minha apatia para com o mundo, para com a minha vida, para com os outros, é um espaço vazio de falta de emoção e de falta de concretização...Queria eu tanto que chegasse 2011 para que a desgraça de 2010 fosse morrendo na memória...E para quê? Para chegar a um ano ainda pior...tão pior que sinto saudades de 2010. Nunca me senti tanto no sítio errado, na hora incorrecta, dentro da alma não certa...Queria sangrar mais, mas acho que já estou seco. Que faço agora?
Boas perguntas...
Não sei o que mais odiar. Finalmente estou quase quase vencido...e pela primeira vez na vida não vou pensar no quase quase...é como se já me desse por vencido.

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