sexta-feira, 5 de novembro de 2010

As luzes de Natal (60)

Vinha no autocarro. Eram dezanove horas e pouco mais do que isso, quando chego à rua que liga o Colombo à estrada de Benfica, rua esta que termina, por assim dizer, na esquina onde está o café Talismã. As luzes de Natal a cada ano que passa são colocadas mais cedo; e não só são colocadas mais cedo como também as ligam mais cedo. E eram dezanove horas e um pouco mais, quando as vi, acesas, neste ano.
Lembro-me que todos os anos o sentimento ao vê-las é fantástico, mas desta vez não. E depois, como qualquer criatura sentimental (pouco ou mais que as outras) relembrei este momento mas no ano passado. O processo de erosão que percorreu o meu corpo foi prolongado, com uma quantidade considerável de magia, sentimento bruto, e melancolia. E desta vez, pela primeira vez, não sorri ao ver as luzes acesas. Não. Não consegui. Dei-me ao prazer de dar, pelo menos, à minha alma, uma pequena satisfação por todos aqueles, que como eu outrora, sorriem ao ver as luzes acesas pela primeira vez, assim como em todas as noites. Não consegui amar, entregar-me ao momento, mas sorri para dentro por toda essa gente. Mas não consegui fazer mais nada. É impossível este Natal ser melhor que o do ano passado; e só deposito a minha esperança num Homem que partilhe e ajude e se esforce mais para com os outros e os seus...E que a minha espiral venha e que venha o melhor possível. Desejo a todos uma excelente preparação para um Feliz Natal.
(E lembrem-se, citando Bill Watterson: As melhores prendas não dão para embrulhar. )

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