domingo, 17 de outubro de 2010

É triste a clareza que a morte traz às nossas vidas (67)

A morte...é raro na minha vida ter discussões que envolvam a palavra morte. Na maior parte dos casos tudo não passa de uma injecção forte que dou a quem me ouve, onde o líquido é um conjunto de crenças minhas, umas melhor justificadas que outras. As pessoas pouco ou nada me têm a ensinar sobre a morte. As únicas que pessoas que podiam alterar o que sinto ou penso sentir, o que sei ou o que penso saber, são as pessoas que já cá não estão. E Deus, existindo ou não, (mesmo acreditando que sim) também não ajuda nesta matéria.
Alguns, como também já foi (ou talvez ainda seja o meu caso), acreditam em sinais de outras vidas. Portanto...
Desde tenra idade deixei de temer a morte. Em grande parte por tudo o que penso saber ou sentir. No entanto isto não quer dizer que lhe abra os braços na primeira oportunidade. Gosto muito de viver. E como costumo dizer, para desgosto de alguns: todos os dias são bons para se morrer. Temo sim deixar pessoas que amo para trás. Talvez me assuste a forma de morrer. Mas o que mais me assusta realmente é aquilo que posso vir a fazer sentir nas pessoas depois de morto. Porque quando esse dia chegar, em princípio, serão alguns aqueles que verão com clareza, a falta que lhes posso fazer; aquilo que escrevi e que nunca mais escreverei. A minha voz. O meu toque. O meu olhar. A minha estupidez. As coisas boas e más que fiz...não quero que se lembrem apenas do que fiz de bem. Porque o ser humano, na hora pós-morte gosta de salientar apenas o bom, o que também não me agrada. No entanto, será bom, ser a vez de outros sentirem comigo o que já senti com outros. Mas eu não desejo que se queimem da mesma forma que eu, ou que outros já se queimaram. Não. Eu espero, como espero desde que tomei consciência que o ser humano é um ser tão racional como emocional como idiota, que vós, quem seja que o vós seja, aproveitem-me agora. E assim, na minha morte, apenas recordem, sem arrependimento, apenas com saudade, e com tranquilidade de alma.
É triste a clareza que a morte traz às nossas vidas. Esta frase saiu-me tão profunda como dolorosa.
Mais uma vez a reflexão do monstro derrubou a mediocridade humana que vive no erro e no atrito.

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