segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Possivelmente mais um outliner (63)

Existem coisas na vida às quais nos habituamos. Algumas são más outras boas, outras excelentes outras péssimas. É a vida não é verdade? Depois existem aquelas coisas que nos fazem pensar, tornar maior, minimizar, que nos fazer arrastar blocos de rocha enormes em qualquer direcção e que nos fazem rastejar por algo que nos afaste do que estamos a sentir. E essas coisas, muitas vezes, não têm um "final", não têm uma resposta, uma solução. São coisas que por muito que estejam presentes (seja a curto, médio ou longo prazo) nunca são recebidas e aceites na nossa habituação. E esta é a batalha, sem derrota talvez, talvez sem vitória, que batalhamos talvez todos os dias e noites. São nos sonhos que nos aparecem sem quereremos enquanto dormimos, nos pesadelos enquanto dormimos; são os sonhos que nos preenchem ou que nos esvaziam. O que quero dizer, em tom aberto na minha escrita, é que, existe uma complicação grave entre todas as seguintes palavras: fazer, pensar, desejar, sentir, falar, repensar, fugir, chorar; ter saudades, refazer, lutar, deixar, conquistar, reconquistar, acabar, começar; e para juntar a tudo isto, assim em estilo de rota de colisão todo um conjunto de "sinais" (de forma harmoniosamente bela ou apenas harmoniosa). Custa saborear tudo isto ao mesmo tempo. Porque fica tudo por explicar e tudo por ser organizado. Fica tudo por viver. Não sei que dizer. Perdi-me. Estou oficialmente perdido nos pensamentos que coloco no papel...Queria receber da vida um ponto de exclamação, uma vírgula, um ponto de interrogação com uma resposta no seu seguimento...
Ao que vejo, tudo o que me chega, são reticências. O que me deixa a ruminar, grotescamente escrito, é ter de duvidar de várias frases e sensações que já tinha como adquiridas, e mais importante ainda: como certas. Sim, é claro que posso estar errado. Possivelmente estive-o a maior parte da minha vida. Talvez tenha vivido vendado, e tudo o que me ia na alma, era dito de forma cega. E tudo o que fui, fui-o de forma peculiar, como se fosse um cego a descrever a paisagem que imagina. Pode ou não estar certa, ou ter fragmentos de verdade ou não, mas quais seriam as probabilidades de estar muito completa? Firme? Ao que me apercebo: nenhumas.
O mais triste? Talvez só eu possa tirar esta venda, e preparar-me para não ficar cego à luz da realidade. Aos poucos preciso de saber, aliás, preciso de aceitar, que estou errado. Custe o que custar: errei. Errei-me. Sou um erro. E talvez depois, aos poucos perceba o que ainda posso fazer por mim, e pelos outros.
Isto é só de mim ou o mundo ergue-nos ao mesmo tempo que nos rasteia? Poderá alguém sentir o mesmo que eu? É que quero aprender se estão todos em barcos diferentes ou se apenas eu estou no barco errado...Porque agora, consciente da minha pobreza, sei que não estou no barco mais iluminado, por muito que tenha pensado estar.

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